A Rewilding Portugal celebrou na semana passada, um protocolo de colaboração com o Cinco Quinas, orgão de comunicação dedicado ao concelho do Sabugal, uma das zonas de maior intervenção da organização.
Um protocolo importante na zona do Sabugal
A Rewilding Portugal celebrou na semana passada, um protocolo de colaboração com o jornal Cinco Quinas. O protocolo foi celebrado na sede deste jornal, tendo a Rewilding Portugal sido representada no ato por Marta Cálix, gestora de projetos, e Fernando Teixeira, técnico de comunicação, enquanto que o Cinco Quinas teve a representação de Rui Monteiro, membro da direção deste orgão de comunicação. Este protocolo prevê uma estreita colaboração na partilha de informação da Rewilding Portugal e dos seus projetos, para que o Cinco Quinas a possa divulgar e promover. Como contrapartida, os jornalistas do Cinco Quinas terão direito a formação específica teórica e prática nesta área de conservação de natureza, entre outras, da responsabilidade da Rewilding Portugal, podendo visitar de forma próxima e individualizada o trabalho que vem sendo desenvolvido no terreno e poder assim transmitir informação de forma mais correta e pormenorizada.
O Cinco Quinas é um projeto de comunicação impresso mensalmente e que tem também publicação diariamente no online e tem como principal missão garantir a informação jornalística do concelho do Sabugal, destacando-se pelo seu rigor e isenção e desempenhando um importante papel informativo neste concelho onde a Rewilding Portugal desempenha várias ações de conservação de natureza importantes e onde está localizada aliás a sua primeira propriedade, o Vale Carapito, em Vilar Maior. Como tal, o mesmo pode desempenhar um papel importante na disseminação regional e local de informação sobre o trabalho de proteção da natureza da Rewilding Portugal e dos seus parceiros no terreno e fomentar a criação de uma ligação cada vez mais próxima e positiva com as comunidades locais, que é outro dos principais objetivos da nossa organização.
A ligação do trabalho da Rewilding Portugal ao Sabugal
O Vale Carapito, uma propriedade adquirida pela Rewilding Portugal para executar ações de conservação que reforçam o corredor ecológico do Grande Vale do Côa, é a nova área de aplicação prática de rewilding em Portugal. Localizada perto de Vilar Maior, no concelho do Sabugal, promete ser o novo mostruário dos benefícios que o rewilding tem para a natureza e quais os resultados que pode atingir em escalas cada vez maiores. Além disso, para além da renaturalização da paisagem e dos ecossistemas, terá ainda uma importante função de turismo baseado na natureza e sustentável, com o objetivo de ser um verdadeiro showcase de aplicação de rewilding e dos seus efeitos.
Com uma paisagem heterogénea, boa diversidade de habitats e espécies associadas, o terreno desta propriedade tem condições muito favoráveis à renaturalização do mesmo, que já está a ser levada a cabo. O Vale Carapito integra a Rede Natural 2000 e faz parte do SIC Serra da Malcata e beneficia ainda da sua proximidade à aldeia de Vilar Maior e às suas comodidades e serviços, assim como do património histórico e cultural presente na região (Grandes Rotas do Vale do Côa e das Aldeias Históricas, pequenas rotas, etc.)
Outro ponto muito positivo a destacar tem sido a adesão da comunidade local, nomeadamente das entidades oficiais da freguesia, que têm apoiado a Rewilding Portugal e respetivos parceiros quando necessário, demonstrando recetividade em ajudar nesta missão de tornar esta região de Portugal num lugar mais selvagem e natural, e atrair turismo de natureza de qualidade, fazendo com que a região se destaque pelos melhores motivos para se tornar escolha regular dos visitantes. Através das ações de promoção do território e das suas mais-valias, num âmbito que respeite a conservação de natureza a ser levada a cabo neste local, desenvolvidas pela Rewilding Portugal, existem possibilidades muito interessantes de o Vale Carapito contribuir ativamente para valorizar este território, apoiando os tecidos económicos e sociais locais.
Várias ações de conservação já ocorreram nos últimos meses, nomeadamente a monitorização de flora e fauna, para estudar a biodiversidade vegetal e animal da propriedade, assim como da paisagem e dos solos. O objetivo destas ações de monitorização é conhecer o território e poder comparar níveis atuais com os níveis após aplicação de medidas de rewilding (passivo ou de gestão ativa em casos específicos). Estão ainda planeadas ações de remoção de estruturas obsoletas, que funcionam como barreiras para a fauna selvagem da região; ações de controlo de espécies invasoras; ações de gestão ativa de combustível e ainda ações de vigilância do território.
De acordo com Pedro Prata, Líder de Equipa da Rewilding Portugal, “Este trabalho em Vilar Maior é o primeiro passo concreto no terreno de uma estratégia de conectividade do corredor ecológico do Grande Vale do Côa. O nosso trabalho aqui vai permitir afinar a estratégia de renaturalização a nível da paisagem.”
A aposta de realizar turismo baseado na natureza através do Vale Carapito vai gerar novas oportunidades económicas para a comunidade, já que é possível desenvolver um novo modelo de negócio para trazer a natureza de volta a zonas marcadas pelo declínio económico, perda de população e abandono agrícola. Ajudar a natureza a recuperar, restaurar ecossistemas funcionais, com uma grande abundância e diversidade de vida selvagem pode trazer benefícios para as populações locais. Por esse mesmo motivo, já foram criados pacotes turísticos através de parcerias com a Impact Trip e European Safari Company, assim como ofertas turísticas com experiências mais individuais junto dos operadores da Rede Côa Selvagem, que incluem atividades no Vale Carapito para poder descobrir a natureza de uma forma consciente e responsável.
Surgiu também daqui a parceria com a Associação Muralhas de Vilar Maior, presidida por Joaquim Simões e que tem como objetivo promover contactos intergeracionais na aldeia, desenvolvendo atividades para todas as faixas etárias; preservar e divulgar o património cultural, material e imaterial da aldeia; realizar parcerias com entidades que ajudem a promover Vilar Maior e desenvolver novas atividades na aldeia; e ainda, divulgar Vilar Maior e o seu património para o exterior. É exatamente nestes dois últimos pontos que se enquadra a parceria realizada com a Rewilding Portugal, que vai trazer ao território diversas atividades de promoção de Vilar Maior e do seu riquíssimo património cultural e natural, nomeadamente através de visitações e maratonas fotográficas, assim como ações promocionais de redes sociais e de divulgação através de influencers digitais, algo que já começou a ser realizado ao longo deste ano 2021.
A Rewilding Portugal é a entidade coordenadora do projeto LIFE WolFlux (LIFE17 NAT/PT/00554), financiado pela Comissão Europeia, dentro do qual se desenvolvem ações de conservação do lobo ibérico a sul do rio Douro, e tem o papel de promover a divulgação de informação sobre esta espécie e medidas que promovam a coexistência na região.
Adicionalmente, a Rewilding Portugal é também um dos parceiros do projeto Promover a Renaturalização do Grande Vale do Côa, coordenado pela Rewilding Europe e financiado pelo Programa de Paisagens Ameaçadas (Endangered Landscapes Programme), gerido pela Cambridge Conservation Initiative e financiado pela Arcadia, um fundo de caridade de Peter Baldwin e Lisbet Rausing. Este projeto visa valorizar o património natural e cultural da região, promovendo economias locais baseadas na natureza. Ambos estes projetos estão a ser desenvolvidos por uma parceria, que para além da Rewilding Portugal e Rewilding Europe inclui também a Universidade de Aveiro, a Associação Transumância e Natureza, e a Zoo Logical.