Lupi EcoClubes: reinventar o ensino ambiental dos mais jovens em época de pandemia

Janeiro 12, 2021

Arrancou este ano letivo um novo programa de educação ambiental que procura aproximar os mais jovens da natureza. Os EcoClubes focam-se em ensinar sobre a biodiversidade e promover a curiosidade e orgulho nos valores naturais de Portugal. Este programa de educação ambiental teve de se reinventar para conseguir chegar aos jovens da região em época de pandemia.

Marco Ferraz, da ATNatureza, numa sessão de campo com jovens de Mêda. Créditos: Rewilding Portugal

 

A importância de trabalhar junto dos mais jovens

A natureza é uma das maiores valias e atrativos do distrito da Guarda, mas muitas vezes também a joia desconhecida da região. Os Lupi EcoClubes pretendem aproximar a natureza dos jovens, acordar a sua curiosidade para o conhecimento e para a exploração da natureza, com a convicção de que só se protege o que se conhece e o que se vivencia. Um passo para que o património natural deixe de ser uma realidade escondida e desconhecida, passando a ser um elemento de identificação e de orgulho para as populações locais.  Para isso, os EcoClubes promovem o contacto direto com a natureza, a transmissão de conhecimentos de maneira interativa e mais dinâmica e a aprendizagem através de desafios que apelem à curiosidade, à criatividade e à capacidade de observação e exploração pelos próprios alunos.

 

Um arranque com desafios acrescidos

Os Lupi EcoClubes, destinados a levar a conservação da natureza e o que está a ser realizado nos projetos, arrancaram este ano letivo com muitas incertezas e necessidades de inovação. O ano em si arrancou mais tarde do que o costume e, além disso, muitas foram as escolas em que nem todas as turmas começaram de forma presencial, ou que nestes primeiros meses de aulas tiveram várias turmas a ter aulas rotativas, ora em ambiente de sala de aula ora em casa através das plataformas online, devido à pandemia da Covid-19.

Tal cenário, obrigou os parceiros envolvidos diretamente nesta ação (ATNatureza e Rewilding Portugal) a repensar os moldes em que seriam desenvolvidos estes EcoClubes neste novo cenário com que se depararam. Surgiu então um novo e inovador conceito: a realização destes EcoClubes num regime misto, que permitisse que todos os jovens pudessem ter acesso aos conteúdos e aos desafios propostos, quer assistissem às sessões na própria escola, quer estivessem confinados em casa.

Auxiliado pela equipa da Rewilding Portugal na parte da comunicação digital e da preparação de conteúdos, a ação está a ser desenvolvida no terreno por Marco Ferraz, educador ambiental da ATNatureza, com vasta experiência no desenvolvimento deste tipo de atividades com grupos de jovens, estando já a ação a ser operacionalizada em mais de cinco escolas do distrito da Guarda neste primeiro ano, algumas de forma presencial e outras online.

“Ter experiências prazerosas na exploração da Natureza é a forma mais eficaz de aprender sobre ela e estabelecer uma ligação afetiva que seja duradoura e que promova a compreensão o respeito e a celebração da Natureza ao longo das suas vidas!”, refere Marco Ferraz sobre esta nova experiência de transmitir conhecimento sobre a natureza e a sua conversação aos mais novos.

Logotipo dos novos Lupi EcoClubes. Créditos: Rewilding Portugal

 

Uma aposta nas valências do mundo digital

Recorreu-se a plataforma digitais para desenvolver um conceito funcional e desafiante para os jovens. A aposta recaiu principalmente sobre o Instagram, um dos principais canais de comunicação dos jovens atualmente. Todos os participantes nos Lupi EcoClubes, de todas as escolas, têm acesso a uma conta comum à qual devem aceder sempre que quiserem participar nos desafios propostos, que vão desde colocar fotografias e vídeos de natureza e de algumas espécies específicas de fauna e flora, a quizzes e tudo o que incentive sair para junto da natureza, explorar, observar e criar. Vários são os desafios que vão acompanhar estes jovens ao longo do ano letivo, conforme vão sendo apresentadas as novas sessões dos EcoClubes, propondo-se desafios relativos a cada uma das sessões.

Fernando Teixeira, técnico de comunicação da Rewilding Portugal a lançar o primeiro desafio de Instagram no Agrupamento de Escolas de Mêda. Créditos: Rewilding Portugal

 

O objetivo passa por incentivar os próprios jovens a fazerem parte dos projetos e a criarem materiais que possam ser utilizados por estes, desenvolvendo neles o gosto e o interesse pela natureza e pela sua conservação e preservação, assim como a partilha desse gosto com a comunidade, que pode ver tudo o que os jovens estão a desenvolver neste âmbito na própria conta (@lupiecoclubes) e entre si, já que as diversas participantes têm acesso e podem ver e comentar tudo aquilo que cada aluno colocar na plataforma.

 

“No solo da floresta”, o começo perfeito

O primeiro tema, já apresentado em todas as escolas aderentes neste primeiro ano (alunos entre os 10 e os 14 anos), foi direcionado ao solo da floresta e a todos os seus componentes, com um foco especial nos cogumelos e na sua função decompositora da matéria nos ecossistemas, até porque em Novembro e Dezembro, altura da sessão, estávamos na altura ideal do ano para falar nestes e mostrar exemplos em sessões de campo. O entusiasmo foi notório logo nas primeiras aulas e principalmente quando foi possível levar-se os jovens a um contacto direto com a natureza, para poderem ver por eles mesmos os vários tipos de cogumelos que existem perto da sua zona de residência e da escola onde estudam e a suas diferentes características.

O desafio lançado aos jovens foi também partilharem no Instagram dos Lupi EcoClubes, fotografias de cogumelos que encontrassem perto de casa, para que depois o educador ambiental ajudasse na sua identificação sempre que possível. A adesão foi muito positiva, já que surgiram mais de vinte fotos de diferentes cogumelos na rede social dos EcoClubes, com muitos a jovens a demonstrarem vontade de mostrar o que encontravam e de também eles se sentirem verdadeiros exploradores de natureza no seu próprio ambiente.

Marco Ferraz a explicar como se desenvolvem e atuam os fungos numa sessão de campo. Créditos: Rewilding Portugal

 

Soluções adaptadas a cada caso

Para as escolas que não conseguiram iniciar de forma presencial os EcoClubes neste primeiro período do ano letivo, foi também arranjada uma solução alternativa para que mesmo estes jovens pudessem participar ativamente nos mesmos. Como tal, desenvolveram-se uma série de aulas e vídeos online para cada uma das sessões, para assim mesmo os jovens a ter aulas através de casa poderem assistir e aprender os conteúdos mais importantes de cada sessão, podendo depois participar nos desafios propostos e ter também eles acesso ao Instagram para poderem partilhar os seus próprios conteúdos, realizados perto de casa.

Além disso, estão ainda a ser realizadas, à medida que sessões vão avançado, infografias em que a mascote dos EcoClubes, Lupi, retém as informações e os ensinamentos mais importantes de cada sessão e transmite aos jovens, para que a informação fique guardada e disponível de forma mais prática e simples e que possa ser facilmente transmitida entre os jovens e entre a própria comunidade envolvente.

 

Sobre os nossos projetos

O projeto LIFE WolFlux é financiado pelo programa LIFE da Comissão Europeia e cofinanciado pelo Endangered Landscapes Programme, enquanto que o projeto Promover a Renaturalização do Grande Vale do Côa é também ele financiado pelo Endangered Landscapes Programme, que é gerido pela Cambridge Conservation Initiative e financiado pela Arcadia, um fundo de caridade de Peter Baldwin e Lisbet Rausing.

A Rewilding Portugal conta em ambos os projetos com os seus parceiros: Rewilding Europe, ATNatureza, Universidade de Aveiro e Zoo Logical.

 

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