Lupi EcoClubes dinamizaram atividades de campo e de contacto com a natureza

Agosto 17, 2021

Os Lupi EcoClubes, dinamizados no âmbito do projeto LIFE WolFlux, tiveram finalmente oportunidade de levar os jovens participantes para atividades de campo, em que, num contacto direto com a natureza, puderam aprender e consolidar ensinamentos muito importantes sobre o que os rodeia.

Adaptabilidade e resiliência

Os Lupi EcoClubes, clubes extracurriculares relacionados com a natureza dinamizados no âmbito do projeto LIFE WolFlux, arrancaram este ano letivo, ainda que condicionados numa fase inicial pela situação pandémica. Numa primeira fase, houve necessidade de adaptar estes ecoclubes a uma realidade virtual, em que se pudesse transmitir conteúdos aos alunos que estivessem com aulas a partir de casa através do ensino à distância. Para tal, foram desenvolvidos pela ATNatureza, parceiro do projeto responsável por esta ação, em conjunto com a Rewilding Portugal, conteúdos específicos para este tipo de ensino, assim como a interação entre os alunos participantes das várias escolas através do uso da rede social Instagram, para possibilitar a partilha de experiências e conhecimentos. Neste primeiro ano, participaram cinco escolas do distrito da Guarda, sendo um programa que vai seguir no próximo ano letivo para outras escolas nos distritos da Guarda e Viseu.

Com o evoluir favorável da pandemia em Portugal e o levantamento de grande parte das restrições, foi possível regressar às escolas de forma presencial e aí começaram a ter lugar as atividades de exterior, essenciais para transmitir este tipo de conhecimento tão prático e de contacto tão direto.

 

 

Visitas de campo

Na Agrupamento de Escolas de Mêda, os alunos da turma inserida nesta iniciativa tiveram a oportunidade de estar em contacto com um pastor local, de forma a entenderem melhor o seu trabalho, as suas práticas, as suas dificuldades/perigos e ainda as medidas de prevenção de prejuízos que este utilizava para reduzir a predação por parte do lobo ibérico ao gado, como a utilização de cães de gado, como era o caso. O pastor visitado tinha tido ataques recentemente na sua propriedade e foi positivo poder partilhar a experiência com os mais jovens e as soluções que este defende poderem melhorar a proteção de gado, ao mesmo tempo que se protege o lobo ibérico.

Na impossibilidade de, devido às restrições ainda vigentes, juntar todas as turmas num campo educacional como era o objetivo inicial, as escolas participantes foram convidadas a visitar de forma guiada a Reserva da Faia Brava no final do ano letivo, para consolidarem os temas desenvolvidos nos ecoclubes ao longo do ano nomeadamente: renaturalização do Vale do Côa, conhecer melhor a fauna e a flora locais, entender melhor como funciona o trabalho de conservação da natureza na reserva e na região e ainda olhar para o Vale do Côa como um corredor ecológico.

Estas experiências e visitas ao campo foram fundamentais para mostrar no terreno como as coisas acontecem na prática e para dar a conhecer o que o projeto e respetivos parceiros estão a fazer no terreno para tornar Portugal um lugar mais selvagem e para garantir a subsistência e viabilidade de determinadas espécies fundamentais para os nossos ecossistemas, como é o caso do lobo ibérico.

 

 

Celebrar o Dia Mundial do Ambiente na Guarda

Por dificuldades técnicas, a Escola Básica Carolina Beatriz Ângelo, que pertence ao Agrupamento de Escolas da Sé, na Guarda, não pôde participar na atividade de campo proposta para a Reserva da Faia Brava, e os Lupi EcoClubes sugeriram então a alternativa de realizar atividades de exterior na escola durante o Dia Mundial do Ambiente, iniciativa que foi bem aceite e que se realizou com 4 workshops de exploração da natureza ao longo desse dia.

A primeira atividade realizou-se com a orientação de Ana Nunes (ATNatureza), com o tema “Identificação de aves selvagens”. Neste workshop explicou-se aos jovens a importância das aves nos ecossistemas, realizando-se de seguida uma sessão de observação de aves na envolvência da escola, com o auxílio de um telescópio terrestre. Foi uma boa oportunidade para os jovens estrearem os cadernos de campo do Lupi EcoClubes e anotarem as suas próprias experiências e observações realizadas na natureza.

O segundo workshop coube a Inês Bom (ATNatureza) com o tema “A natureza selvagem do Vale do Côa”. Através de uma versão adaptada do jogo da glória, os estudantes tiveram a oportunidade de, de uma forma divertida e lúdica, aprenderem mais sobre este tema e sobre a sua região e da biodiversidade que esta tem.

Marco Ferraz (ATNatureza), técnico responsável pelos ecoclubes e pelas aulas teóricas lecionadas no âmbito destes, foi o responsável pela terceira atividade com o tema “Arte na Paisagem”. Os estudantes recolheram elementos naturais ao longo de um pequeno passeio na zona da escola, nomeadamente folhas e flores, criando depois expressões de arte que as usassem, de uma forma totalmente natural e biodegradável, que resultou num painel que ficou em exposição na escola. Uma forma diferente de explorar e olhar para a natureza, valorizando-a através da arte e da criatividade artística.

O último workshop coube a André Couto (Rewilding Portugal), com o tema “Rastros e trilhos de animais selvagens”, onde os estudantes aprenderam como funcionam as câmaras de fotoarmadilhagem e os seus objetivos, vendo ainda fotografias e vídeos captados no Grande Vale do Côa para entender como é feito este trabalho de monitorização de fauna e para que serve. Tiveram ainda contacto com material biológico de vestígios de fauna silvestre para conhecerem melhor o que os rodeia.

Para Marco Ferraz, técnico da ATNatureza responsável pelos ecoclubes, esta experiência não podia ter sido mais enriquecedora. “Ter a oportunidade de ir para o recreio da escola, conhecer as aves que habitam o recreio da escola, ver uma câmara de foto armadilhagem em funcionamento e poder falar com biólogos na primeira pessoa é sem dúvida uma experiência muito enriquecedora para os alunos” referiu, deixando ainda um apelo de ligação entre as crianças e a natureza. “É urgente reconectar as crianças à Natureza e tal só é possível com experiências efetivas e afetivas de contato direto com a Natureza, desta forma este projeto foi desenhado para privilegiar o contacto com o campo. Esse  será o grande desafio para o próximo ano letivo 2021-2022 , esperando ansiosamente que tudo corra bem!”, concluiu.

O projeto LIFE WolFlux

O projeto LIFE WolFlux, em curso desde 2019, tem por objetivo remover as barreiras ecológicas e socioeconómicas à conectividade da subpopulação de lobo-ibérico a sul do rio Douro em Portugal. Nesse sentido, estão a ser implementadas uma série de ações para reduzir as principais ameaças a esta espécie. O projeto foca-se em reduzir conflitos com a pecuária, reduzir o furtivismo e os incêndios, e aumentar a disponibilidade de presas silvestres para o lobo.

O projeto pretende ainda aproximar estas temáticas do público mais jovem e criar sensibilização para as mesmas desde estas idades, para conseguir consciencializar e alterar mentalidades desde muito cedo, aproximando os jovens da natureza. Os Lupi EcoClubes focam-se em ensinar sobre a biodiversidade da região e promover a curiosidade e orgulho nos valores naturais de Portugal.

O projeto LIFE WolFlux é financiado pelo programa LIFE da União Europeia e co-financiado pelo Endangered Landscapes Programme. O projeto está a ser implementado por uma parceria de várias entidades, nomeadamente a Rewilding Portugal, Rewilding Europe, Associação Transumância e Natureza, Universidade de Aveiro e Zoo Logical.

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