A WILDLIFE Portugal é uma empresa parceira da Rewilding Portugal e da Rewilding Europe, responsável por atividades de turismo de natureza em Portugal. Fernando Romão é o rosto desta entidade e explica melhor este trabalho a ser desenvolvido.
Onde tudo começou
A WILDLIFE Portugal é uma ideia recente que surgiu por iniciativa de Fernando Romão, especialista em turismo de natureza há mais de uma década e que sempre o fez para outras entidades, antes de se aventurar e criar o seu próprio projeto. Durante muitos anos dedicou-se a realizar percursos pedestres guiados e interpretados em vários pontos da região centro do país. Chegou ainda a estar durante um ano envolvido no projeto da Reserva da Faia Brava, gerida pela ATNatureza, altura em que surgiu o projeto europeu da Rewilding Europe, onde a Faia Brava está inserida desde o início e onde também surgiu o sonho de lançar em sintonia com a Rewilding Europe o seu próprio projeto. “Percebi que a Rewilding Europe estava a apoiar empreendedorismo e agentes locais que quisessem fazer atividades de turismo de natureza e ligados à vida selvagem e surgiu esta ideia de desenvolver algo pessoal em termos de negócio, mas virado mais para a vida selvagem e para a sua observação e fotografia”. E assim, juntou a experiência que já tinha neste segmento, nomeadamente em birdwatching (observação de aves) e interpretação de flora e outra fauna, e decidiu apostar neste negócio, sendo que a ideia a longo prazo é ter uma rede de abrigos fotográficos, “algo que não existe a nível nacional em termos comerciais, ao contrário do que já acontece em Espanha”, refere. Esta paixão pelos abrigos fotográficos e por observação de abutres começou na ATNatureza, pois criou um observatório e abrigo num alimentador para abutres da organização, e ficou a explorá-lo mesmo depois de já não estar a colaborar diretamente com a ATNatureza. Já nesse período chegou a levar fotógrafos tanto de forma particular como concertada para esse tipo de atividades. O seu mercado é principalmente estrangeiro e a aposta foi dar soluções e ofertas “de qualidade”.
Valorizar o património natural de Portugal
Desde a sua criação, a WILDLIFE Portugal pretende divulgar e promover atividades de turismo de natureza, valorizando a conservação do património natural em Portugal. Entre estas atividades destacam-se então a observação e interpretação da natureza, nomeadamente através dos vários percursos pedestres que realizam, para além dos passeios fotográficos e outras atividades de fotografia de vida selvagem, sendo aqui que se enquadra a utilização dos abrigos fotográficos em que a WILDLIFE Portugal tem apostado. A empresa está registada no Turismo de Portugal, possui o certificado de Turismo de Natureza e é ainda aderente da NATURAL.PT, já que aposta na Rede Nacional de Áreas Protegidas para realizar as suas atividades. Neste momento, atua nas seguintes áreas protegidas: Parque Natural do Alvão, Parque Natural da Serra da Estrela, Parque Natural do Douro Internacional, Parque Natural do Tejo Internacional, Área Protegida Privada da Faia Brava, Reserva Natural da Serra da Malcata, Monumento Natural das Portas de Rodão e Paisagem Protegida da Serra do Açor. Convém ainda referir que “uma percentagem dos lucros das atividades que desenvolvemos revertem para ações de conservação da natureza na Área Protegida Privada da Faia Brava”, conta-nos Fernando Romão.
Uma parceria ganha numa filosofia de rewilding
Fernando Romão considera-se “plenamente entrosado na filosofia do que é o rewilding” e sente que essa comunhão de ideias e formas de olhar para a natureza foi essencial para este estreitar de ligações entre a WILDLIFE Portugal e a Rewilding Europe e os seus parceiros. “A natureza e a vida selvagem estão a retomar o seu lugar no Interior de Portugal com o abandono destes territórios e o rewilding promove e tem desenvolvido uma gestão sustentável dessas áreas naturais, por exemplo através da promoção de pastoreio extensivo com herbívoros selvagens ou semisselvagens”, explica Fernando Romão quando aborda a filosofia de rewilding e como se identifica com a mesma.
Relativamente à parceria, esta ligação à Rewilding Europe e à Rewilding Portugal (e respetivos parceiros) é fundamental para consolidar o trabalho inicial que foi realizando e expandir à escala nacional, pretendendo “aumentar a rede de abrigos e de locais onde se pode desenvolver este tipo de negócio, até porque temos um território imenso para isso”. Além disso, a WILDLIFE Portugal já está presente na rede de oferta turística da European Safari Company, empresa turística criada pela Rewilding Europe para promover turismo de natureza centrado numa ideia de rewilding por toda a Europa e nas áreas nas quais a Rewilding Europe já se encontra a desenvolver projetos de conservação. Fernando Romão vê esta rede com bons olhos e com esperança no futuro, já que “uma rede que esteja a ser promovida e vendida em conjunto por uma entidade dentro da mesma filosofia pode ser muito interessante e pode chamar pessoas para viverem a experiência de rewilding e observação por toda a Europa diretamente através de um só agente”.
A conservação da vida selvagem é também uma oportunidade de negócio a explorar, desde que isso seja feito de forma sustentável. Tanto no projeto LIFE WolFlux como no projeto Promover a Renaturalização do Grande Vale do Côa, a Rewilding Portugal e os seus parceiros (Rewilding Europe, Universidade de Aveiro, ATNatureza e Zoo Logical) têm o objetivo de promover empresas baseadas na natureza, dinamizando e dando uma nova vida às comunidades locais, pois apenas com o seu contributo é que se pode construir um futuro melhor para todos, para Portugal e para o próprio planeta. No projeto LIFE WolFlux a aposta vai centrar-se em turismo de natureza que contribua para a conservação do lobo ibérico, enquanto que no projeto Promover a Renaturalização do Grande Vale do Côa, o foco será em projetos de turismo de natureza que ajudem a valorizar este território e que ajudem a promover a identidade natural e respetivo património do Grande Vale do Côa. A WILDLIFE Portugal é um dos parceiros neste caminho, e a Rewilding Portugal continua à procura de outros empreendedores da região que se identifiquem com esta filosofia e que através dos seus negócios possam vir a contribuir para a conservação da natureza em Portugal.