Paredes de Coura acolheu no dia 19 de junho, um evento promovido em parceria com o projeto LIFE WolFlux, coordenado pela Rewilding Portugal, para potenciar a formação e replicabilidade de soluções para prevenção e deteção de furtivismo dirigido ao lobo-ibérico e às suas presas silvestres. A sessão de formação destinou-se a militares e civis da GNR-SEPNA, Vigilantes da Natureza, e Corpo Nacional de Agentes Florestais do ICNF e Sapadores Florestais, com atuação nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real, onde se regista a ocorrência do Lobo-ibérico em Portugal.
Com lotação esgotada no auditório do centro cultural, cerca de 150 pessoas, tiveram oportunidade de participar numa ação de capacitação dedicada à vigilância e mitigação de conflitos com o lobo, impactos da caça furtiva sobre o lobo e as suas presas naturais, como sejam o javali, corço, veado e cabra-montês.
Foi partilhada pela Rewilding Portugal a experiência de prevenção de furtivismo desenvolvida no âmbito do projeto europeu LIFE WolFlux – no qual se criou uma patrulha para a deteção de laços e outros crimes ambientais – com o objetivo de promover a replicabilidade e a troca de aprendizagens com os agentes que trabalham no Parque Nacional de Peneda-Gêres e a sua zona de influência.
Foram apresentados pelo ICNF, dados relativos ao Sistema de Monitorização de Lobos Mortos e ao Programa Antídoto, e esclarecido o funcionamento do Sistema de Compensação de Prejuízos aos Criadores de Gado.
Medidas de fiscalização da caça para prevenção de meios de captura ilegais, como laços e iscos envenenados, estiveram também em destaque, abordados pela GNR e pelo BIOPOLIS. Sendo que mais de 200 animais de espécies protegidas foram mortos por veneno, entre 1982 e 2014, um conceito chave a reter é que “estes métodos de perseguição ilegal não escolhem espécies”, o que significa que os animais domésticos e até pessoas também podem acidentalmente sofrer danos físicos graves, e no caso do envenenamento, existe um elevado risco de contaminação ambiental. Esta intervenção da GNR foi complementada com uma demonstração da equipa cinotécnica anti-venenos, recentemente instalada em Viana do Castelo, com dois binómios de agentes (tratador e cão), em fase de treinos.
O programa contemplou ainda uma discussão aberta, com contributos importantes dos principais agentes que estão diariamente no terreno, que lidam com ocorrências, e têm um papel fundamental na vigilância e prevenção do furtivismo.
De forma a permitir registar situações de furtivismo, envolvendo laços e iscos envenenados, foi apresentada a aplicação para telemóvel “Eu vi um lobo”, que permite a qualquer cidadão registar observações de lobos e suas presas naturais, assim como eventos de ameaça a estas espécies. Esta app está disponível na Plataforma LoboIbérico.PT em www.loboiberico.pt . Esta aplicação facilita o acesso à plataforma IFAP para solicitar o direito de compensação no caso de animais domésticos atacados pelo lobo, assim como à linha SOS Ambiente (800 200 520), para denúncia no caso de se encontrar um lobo morto, veneno ou armadilhas, situação em que não se deve mexer nem interferir com as evidências, até à chegada de um agente da GNR, por razões de segurança e para não serem destruídas provas.
Este evento foi organizado pela Associação Rewilding Portugal no âmbito do projeto LIFE WolFlux, pela Associação BIOPOLIS, Município de Paredes de Coura e GNR no âmbito do projeto LIFE Wild Wolf, com a participação do ICNF. O objetivo deste evento centra-se na importância do trabalho conjunto entre as várias entidades locais, a fim de encontrar as melhores soluções para a coexistência do lobo com humanos, nomeadamente o fomento e difusão junto da comunidade local de boas práticas silvo-pastoris, o restauro do habitat, e a mitigação de conflitos.