Festival de arte pioneiro cria envolvimento com a comunidade no Grande Vale do Côa

Agosto 9, 2023

Organizado e gerido pela equipa da Rewilding Portugal, o Festival “CÔA – Corredor das Artes” uniu arte, natureza e cultura no Grande Vale do Côa em julho. Atraindo milhares de visitantes, o evento ajudou a equipa a estabelecer e aprofundar conexões com uma ampla variedade de partes e pessoas interessadas e a promover os benefícios do rewilding para um público abrangente.

O Festival CÔA, que uniu arte, natureza e cultura no Grande Vale do Côa, ajudou a equipa da Rewilding Portugal a conectar-se com um vasto leque de stakeholders fundamentais para o seu trabalho.

LUIS AGOSTINHO

 

Um evento único e envolvente

Tendo decorrido durante todo o mês de julho, o “CÔA – Corredor das Artes” terminou recentemente no Grande Vale do Côa. Celebrando a natureza cativante e a cultura de gerações deste vale, o evento revelou-se um sucesso retumbante, construindo e desenvolvendo o envolvimento com as comunidades locais e ajudando a promover o rewilding.

“Estou incrivelmente satisfeito com a forma como o festival decorreu”, diz o líder da equipa da Rewilding Portugal, Pedro Prata. “Os resultados das residências artísticas tornaram-se marcos que vão inspirar os visitantes durante muitos anos. Mas mais do que isso, o evento atraiu pessoas do mundo inteiro e de diferentes origens à região, aumentou a consciencialização sobre o rewilding e os seus benefícios, reforçou o sentimento de orgulho das comunidades locais e ajudou-nos a estabelecer e desenvolver um vasto leque de parcerias. No geral, acho que deu ao movimento português de rewilding um verdadeiro impulso adicional.”

 

Os artistas em residência no festival tiveram a oportunidade de fazer das suas criações uma parte integrante da paisagem.

CLÁUDIO NOY

 

Criando laços

O festival CÔA, que teve início na cidade do Sabugal no dia 1 de julho e terminou no dia 30 de julho em Vila Nova de Foz Côa, atraiu cerca de 7000 visitantes. Decorreu ao longo de cinco fins-de-semana, em cinco concelhos diferentes, todos eles inseridos na paisagem de rewilding do Grande Vale do Côa. Nos fins-de-semana, o festival incluiu cinema, teatro, música e outras artes performativas, bem como pequenos mercados onde os produtores e operadores locais puderam promover e vender os seus produtos naturais e baseados na natureza. Houve também actividades educativas para crianças.

 

Os produtos locais foram o ponto alto das demonstrações culinárias do festival.

LUIS AGOSTINHO

 

Nos dias entre estes fins-de-semana, foram organizados workshops centrados na comunidade e atividades na natureza, bem como visitas de campo e passeios para conhecer as obras de arte desenvolvidas por artistas em residência. No total, realizaram-se 30 actividades no terreno, atraindo 500 participantes.

“Foi muito bom ver as pessoas a participarem nas atividades e até a tornarem-se parte integrante de alguns espectáculos”, afirma Fernando Teixeira, responsável pela comunicação e marketing da Rewilding Portugal e programador do festival. “Conseguimos chegar às crianças, aos jovens, aos adultos, aos seniores, às pessoas com deficiência e até às que vivem em zonas rurais isoladas. O festival fez com que as pessoas das comunidades locais se orgulhassem do sítio onde vivem. Isso ficou visível no acolhimento incrível que todos os artistas receberam quando aqui chegaram. Sentiram-se abraçados por um Grande Vale do Côa vibrante e cada vez mais de mãos dadas com a natureza”.

 

Uma vasta gama de espectáculos artísticos teve lugar até altas horas da noite, transformando as comunidades em vibrantes centros sociais.

LUIS AGOSTINHO

 

A arte do rewilding

As paisagens dramáticas do Grande Vale do Côa – que se estende por cerca de 140 quilómetros de sul a norte – são o lar de espécies icónicas como o grifo e o lobo-ibérico, com apoio das comunidades a longo prazo que tem sido fomentado pela equipa da Rewilding Portugal. No entanto, o rio Côa tem tanto a ver com o homem como com a vida selvagem. As rochas ao lado do rio estão decoradas com gravuras que remontam há milhares de anos atrás, destacando a importância deste curso de água e da sua natureza selvagem para as pessoas e os meios de subsistência de antigamente.

 

O Vale do Côa é conhecido pelas suas gravuras rupestres, muitas das quais datam de há milhares de anos.

JUAN CARLOS MUÑOZ / REWILDING EUROPE

 

Em tempos mais recentes, as águas silenciosas do Côa testemunharam muitas décadas de despovoamento rural e abandono de terras associado, o que teve um impacto negativo tanto na ecologia como no património cultural da região. Através do rewilding, e da organização de eventos baseados na intersecção entre a natureza e a cultura, a equipa da Rewilding Portugal está a trabalhar arduamente para contrariar estas duas tendências. Mais de 400 artistas estiveram envolvidos no festival, incluindo sete artistas em residência, que se relacionaram com as comunidades do vale para co-criar obras de arte, utilizando materiais naturais, respeitando a degradação natural e fazendo referência à história artística consagrada pelo tempo no Grande Vale do Côa.

 

 

“A arte pública e o rewilding dependem ambos do diálogo público para o seu desenvolvimento e sucesso”, diz o artista visual francês Gaspard Combes, um dos artistas em residência no festival. “Adorei passar algum tempo em Vale de Madeira (onde está localizado o Centro Rewilding da Rewilding Portugal e a área rewilding do Ermo das Águias), falar com a população local e responder às suas perguntas”.

“A paisagem, o granito e as gravuras pré-históricas do vale foram um ambiente altamente motivador para a minha escultura. Espero que os visitantes sintam estes aspectos quando aqui vierem e que se sintam motivados a aprender mais sobre esta área tão especial e bela e sobre a forma como o rewilding a está a melhorar.”

 

Gaspard Combes trabalha na sua obra de arte em granito na área rewilding do Ermo da Águias.

LUÍS AGOSTINHO
Michèle Trotta cria a sua escultura única com vista para a paisagem em Vila Nova de Foz Côa.

LUÍS AGOSTINHO

 

Impulso de negócios locais

Atraindo um grande fluxo de visitantes, o festival CÔA provou ser bom também para as empresas da região. Ao longo dos últimos anos, a equipa da Rewilding Portugal tem trabalhado arduamente para estabelecer a Rede Côa Selvagem –uma rede de mais de 40 empresas locais com os mesmos objectivos (desde alojamentos locais a produtos naturais e artesanais) que partilham a visão de um futuro mais selvagem e sustentável. Cerca de 20 membros da rede providenciaram os seus serviços durante o festival.

Suzete Marques é uma artista que actuou no festival e também proprietária da Casa da Praça, um alojamento localizado na cidade de Pinhel, que faz parte da Rede Côa Selvagem.

“O meu trabalho está ligado à preservação e promoção da música tradicional portuguesa, por isso poder atuar no festival e fazer a ligação com o rewilding foi perfeito”, diz Suzete Marques. “É muito inspirador ver o trabalho interligado que a equipa da Rewilding Portugal está a fazer para melhorar a natureza, a cultura e as economias do Grande Vale do Côa. Ao trabalharmos em conjunto, acredito que podemos deixar aqui um legado fantástico para as gerações futuras.”

 

Cantores e compositores de todos os géneros…

LUIS AGOSTINHO
…ajudaram a entreter a multidão no festival.

LUIS AGOSTINHO

 

“Através do festival, a Rewilding Portugal demonstrou a capacidade que a renaturalização tem para dar algo de volta às comunidades e empresas locais”, acrescenta Fernando Teixeira. “Foi muito gratificante receber elogios pela nossa capacidade de atrair investimento externo e aumentar a visibilidade da região – quer seja através de dormidas em hotéis, refeições em restaurantes, visitas a lojas locais ou a monumentos históricos.”

 

O festival contribuiu para reforçar o sentimento de orgulho das comunidades do Grande Vale do Côa na sua cultura local.

NELLEKE DE WEERD

 

Financiamento

O festival foi financiado pela Rewilding Portugal, pela Rewilding Europe e pelo Endangered Landscapes Programme (ELP). Este último é gerido pela Cambridge Conservation Initiative e financiado pela Arcadia, um fundo de caridade gerido por Peter Baldwin e Lisbet Rausing.

 

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