Uma parte crucial do projeto são as ações de conservação que ocorrem no terreno. Estas ações focam-se em minimizar as principais ameaças ao lobo ibérico ao sul do rio Douro. A coexistência entre proprietários de gado e lobos será promovida incentivando a adoção de melhores práticas. Além disso, uma equipa de vigilância patrulhará áreas sensíveis à espécie e serão feitos esforços para aumentar a disponibilidade de presas silvestres.
C.1 Estabelecimento de uma força veterinária treinada no uso de medidas de prevenção de prejuízos
Dois veterinários locais serão treinados para trabalhar com criadores de gado sobre as melhores medidas de prevenção de prejuízos. Os veterinários terão a oportunidade de visitar quintas e diferentes casos de estudo na Itália e em Portugal, onde a prevenção de prejuízos foi implementada em diferentes sistemas de criação.
Os veterinários informarão os novos proprietários sobre como treinar cães de gado e monitorizar o progresso e a sociabilidade dos cães.
C.2 Implementação de medidas de prevenção de prejuízos e melhores práticas de gestão
Parte 1. Integração de cães de guarda de gado e instalação de cercas em pontos críticos
Será fornecido apoio direto a criadores de gado locais para implementar medidas de prevenção de prejuízos e adotar melhores práticas de maneio (uso de raças autóctones, manutenção da pecuária em pequenas pastagens, confinamento temporário de indivíduos vulneráveis) para reduzir o risco de ataques de lobo. Espera-se que isso crie um exemplo positivo que possa ser seguido por outros criadores de gado dentro da área do projeto, reduzindo os conflitos entre os lobos e o setor da pecuária.
Dentro desta ação, cães de gado e cercas fixas serão dadas aos proprietários de gado para proteger pequenos ruminantes e especialmente gado. Uma raça nativa tradicionalmente usada na área do projeto será selecionada (Serra da Estrela), embora outras raças que sejam consideradas mais adequadas para proteger o gado possam também ser escolhidas.
Parte 2. Implementação de um plano de replicabilidade para rede de cães de gado
Serão contactadas cooperativas de criadores de gado interessadas em expandir e gerir a rede de cães de gado noutras áreas de Portugal (Peneda/Gerês, Alvão/Padrela e Bragança). Estas cooperativas serão convidadas a visitar a área do projeto para que possam ver como a rede funciona. Além disso, a equipa veterinária fornecerá o treino para ensiná-los a integrar cães de gado em manadas e rebanhos. Os cachorros da rede serão doados a essas cooperativas/associações para permitir que elas iniciem suas próprias redes.
C.3 Criação de equipas de apoio específicas para ajudar as partes interessadas locais nos conflitos com o lobo e para proteger o habitat do lobo
A fim de reduzir as ameaças de caça furtiva, envenenamentos e incêndios, será criada uma equipa móvel de vigilância e proteção. Esta abordagem inovadora fará uso da tecnologia de ponta e adotará métodos de vigilância tática para garantir a eficácia da equipa de vigilância.
Durante a temporada de incêndios (junho a outubro), a equipa também será responsável por ações de vigilância e prevenção de incêndios.
C.4 Aumentar a disponibilidade de presas selvagens para lobos
Com base nos resultados do censo de corço (Ação A.4) e na informação obtida no estudo de dimensão humana (Ação A.7), as melhores áreas para a melhoria de habitat de corço e reforço da população serão identificadas.
O objetivo é aumentar as densidades de corço nas áreas onde existam alcateias ou que possam vir a ser recolonizadas pelo lobo no futuro. Quando as presas selvagens existem em abundância e o gado está protegido, o lobo alimenta-se preferencialmente de presas selvagens, e o impacto sobre a pecuária diminui, chegando a ser residual em muitas áreas da Península Ibérica.