2. Reúna informação sobre a terra

Reunir informações sobre a sua terra é uma das etapas mais importantes, pois dirá se precisa fazer alguma coisa para a recuperar ou se protegê-la e deixá-la como está é o melhor caminho a seguir. Não existe um plano de renaturalização universal que sirva para todos. Cada pedaço de terra é diferente e precisa de adaptar a sua abordagem de acordo com isso mesmo.

A floresta é antiga? É uma pastagem rica em espécies em crescimento? Porque estará determinado campo a inundar? Um inventário adequado do que existe e do que está a acontecer revelará importantes habitats e características da vida selvagem, o estado dos seus solos, importantes características geológicas e hidrológicas, fontes de sementes e muito mais.

As informações podem já existir – por exemplo, dados de biodiversidade e informações relacionadas a serviços ecossistémicos, como armazenamento de carbono, risco de inundação, qualidade da água e condição do solo. Precisa de descobrir onde está a mesma, quem é o proprietário e consegue chegar à fala com ele. Pode claro começar a fazer isso sozinho por si mesmo. No entanto, tenha em mente que pode não ser fácil encontrar essas informações.

Compreender quais habitats e vida selvagem existem, o que pode ter existido no passado e o que está além dos seus limites é de vital importância. Essas informações ajudarão a garantir que a sua estratégia seja apropriada e relevante para as condições locais. Também ajudará a mantê-lo em conformidade com os requisitos legais. Pode conseguir essas informações através de observação, registos históricos e, simplesmente, conversando com as pessoas. Obtenha o máximo que puder do maior número de fontes possível.

Aqui estão algumas maneiras de descobrir mais sobre a sua terra e área local:

Habitats e espécies

Água

4. Olhe para o que está à sua volta e perto de si

Olhe para a terra fora da sua propriedade para ver o que está lá. Converse com os seus vizinhos sobre o que estão eles a fazer e o que você deseja fazer. Descubra se eles partilham das suas ambições selvagens ou se o podem vir a fazer com um pouco de encorajamento. Considere alguns detalhes. Pode interligar esses pedaços díspares de floresta? Pode dar acesso aos animais de pasto de um vizinho? Se faz fronteira com uma reserva natural ou um local designado, pode ajudar a criar um espaço maior para a vida selvagem?

Conectividade e escala são cruciais na natureza. Interligar áreas rewilding dá à vida selvagem a melhor oportunidade de prosperar. Também é bom para as pessoas – podem apoiar-se umas às outras enquanto apoiam a reconstrução dos ecossistemas. Quanto maior a área que estiver a renaturalizar, menos gestão é necessária e mais pode relaxar e deixar os processos naturais liderarem o caminho.

A conectividade é vital para a vida selvagem e a vinculação a outras iniciativas melhorará o impacto que o seu projeto tem na natureza — permitindo que a vida selvagem encontre o seu local e migre para outras áreas.

6. Pense em processos naturais e imite-os

Esta é uma parte crucial do rewilding. Precisa de entender o que são processos naturais e quais os processos naturais que podem restabelecer-se na sua propriedade – com ou sem ajuda. Isso inclui regeneração de árvores, processos naturais do rio e regimes de inundação e níveis de pastagem natural.

As ações humanas suprimiram os processos naturais na maior parte da Europa ao longo dos séculos. Se centenas de ovelhas pastaram na sua terra por décadas, se rios foram retificados ou pântanos drenados, ou se florestas foram derrubadas, então a natureza foi alterada e restringida e os processos naturais não prevalecem mais como antes. Renaturalizar é libertar o poder da natureza e ajudá-la quando necessário. O rewilding permite que a natureza conduza a sua própria recuperação. Mas perdemos muitos grandes herbívoros e alguns predadores importantes. O pastoreio e a predação, dois importantes processos naturais, são, portanto, limitados. No entanto, espécies domésticas ou semisselvagens podem atuar como substitutos de grandes herbívoros. Existem pequenos ou grandes herbívoros na sua propriedade? Se não está a ser pastoreada e gostaria de introduzir alguns animais domésticos como substitutos de espécies silvestres, muitas raças nativas estão associadas a certas áreas e identidades locais. Compreender as raças nativas locais pode ajudar a informá-lo sobre quais os herbívoros substitutos que podem ser adequados para isso, além de promover um senso de identidade local.

Se estiver interessado em introduzir grandes herbívoros, algumas considerações importantes incluem a área disponível para pastagem, a produtividade da terra (e, portanto, a sua capacidade de carga) e como lidará com os animais quando atingir essa capacidade máxima de carga. A sua área tem predadores naturais que podem controlar o número de animais? Em áreas sem predadores, uma iniciativa de “carne selvagem” pode ser considerada – para inspiração, confira o que o Knepp project está a fazer. Alternativamente, se estiver a usar uma raça rara ou ameaçada, considere entrar em contacto com outros criadores ou outros projetos de rewilding para trocar animais, contribuindo para a sua conservação a longo prazo. A natureza é complexa e complicada, no entanto. Não é possível replicar perfeitamente ecossistemas naturais em funcionamento sem a presença de todos os principais carnívoros e herbívoros nativos. Ainda assim, podemos avançar muito no espectro da renaturalização se procurarmos imitar os processos naturais dessa maneira.

8. Abrace o inesperado

O rewilding é sobre ajudar a natureza a trabalhar nos seus próprios termos. É uma jornada de aprender e desaprender, de abraçar a mudança e a surpresa, de deleite e, às vezes, de decepção. Algumas espécies de flores silvestres podem desaparecer de uma área onde as conhece há anos, mas quando as mudanças nos regimes de pastagem ocorrem, elas podem aparecer noutro lugar. Outras espécies, que nunca viu na sua área e que nem esperava ver, podem aparecer de repente e começar a florescer.

Um bom lema a ser lembrado aqui é “conserve o melhor e renaturalize o resto”. O rewilding abraça a complexidade da natureza, por isso não tenha medo da mudança e esteja preparado para adaptar o seu pensamento ao longo do tempo. E à medida que a história da sua propriedade começa a se desenrolar e a surpreender, pode querer registar o que acontece, e isso leva-nos ao passo 9.

10. Colaborar, criar ligações e comunicar

A conectividade é vital para a vida selvagem e a ligação com outras entidades e iniciativas irá melhorar o impacto que o seu projeto tem na natureza — permitindo que a vida selvagem encontre o seu local e migre para outras áreas. Também o encorajamos a comunicar amplamente sobre o seu projeto de rewilding – com os seus vizinhos, a comunidade local e outras pessoas ao seu redor. Tente levá-los consigo na sua jornada, partilhando as suas experiências e as suas ambições para a natureza. Crie uma conversa na sua comunidade local e mais longe ainda, se surgir a oportunidade para isso.

Nem todos vão gostar do que está a planear ou a fazer. Alguns serão céticos e alguns poderão mesmo opôr-se fortemente. Não deixe que isso o desencoraje. Siga os nossos princípios básicos de rewilding e conquistará as pessoas constantemente. Não vai estar apenas a restaurar  um ambiente saudável para a vida selvagem e para a comunidade local, mas também a inspirar outras pessoas a iniciar o seu próprio caminho para o rewilding.

O rewilding é sobre pessoas e comunidades locais tanto quanto sobre a vida selvagem. Afinal, somos parte da natureza. O financiamento provavelmente será uma parte crucial do seu projeto. Uma forma de diversificar o seu negócio é procurar empreendimentos ou oportunidades de negócios que se relacionem com a ambição do seu projeto. Precisará de fazer alguma pesquisa de mercado e descobrir quais empreendimentos a sua propriedade pode suportar. Por exemplo, se deseja desenvolver um negócio de turismo e camping: a infraestrutura local, o acesso e as ligações por transporte serão cruciais. Podem também haver oportunidades de fazer negócios com outras pessoas na sua zona, como por exemplo fornecer “carne selvagem” para um restaurante ou um pub local.